29 de ago. de 2005

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nem sei direito o que vai. é um txt que tinha uns escritos, uns trabalhos, umas piadas... dá pra entreter-se por uns bons minutos.

O mundo envelhece

Em um agrupamento populacional, a faixa etária mais numerosa historicamente é a mais jovem. Na maioria dos países do mundo, ainda é, no entanto, nos países mais ricos - ou, diga-se, desenvolvidos - essa situação mudou. A expectativa de vida aumenta bastante seguida de perto pela queda acentuda da natalidade, em virtude de planejamento familiar mais austero - no sentido de menos numeroso - e o número de pessoas com idade "avançada" aumenta. Fato semelhante foi posteriormente observado. Os países em desenvolvimento - os menos pobres - têm passado pelo mesmo fenômeno, quando os jovens perdem espaço para os mais velhos.

A discussão aqui não é do mérito ou não dessa idade. Isso fica para as páginas seguintes. A questão é justamente abrir essa discussão. Recentemente até demais, o Japão pôde ver suas empresas começarem a se concentrar no público mais velho - justamente ao mesmo tempo em que o número de nascimentos no país é superado pelo número de mortes. Os Estados Unidos, por outro lado, já publicam mais de quinze revistas mensais para esse público. Os países em desenvolvimento, como o Brasil, começam a enfrentar o problema que os países desenvolvidos já enfrentaram em virtude da falta de jovens, principalmente em mão-de-obra e o trabalho do Estado pelo bem-estar da população, que varia muito enquanto vairam as faixas etárias. Esses problemas não vão frear a tendência, ela já se enraizou e, em pouco tempo, vai ocupar o mundo todo. E também, claro, vai acabar. Impossível prever como, mas vai.

Ficar velho não é um problema, ora, longe de afirmar isso. Na verdade, é uma vantagem. E para aproveitar bem essa dádiva e, sem esquecer, enfrentar bem os problemas, é preciso entender em que pé estamos. E é isso que veremos.

Henrique de Brito Garcia

greve especial e própria

Henrique de Brito Garcia

Eu não faço greve. Simplesmente não faço greve. Ora, de novo, me defronto com uma. As discussões são intermináveis, as causas insondáveis, e os objetivos inconciliáveis. E por aí vai. E eu não tenho argumento nenhum. Mas não faço greve. Esse é meu argumento. Dessa forma, o que discuto aqui pode parecer enfadonho e até idiota. O meu direito de ter meu (não-)argumento e agir conforme meu pensar não deve vir em resposta ao direito das pessoas de fazerem greve. Isso não é problema meu. O meu direito de ter meu argumento de não fazer greve é parte do meu argumento de não fazer greve. Esse argumento é uma greve em si.

"Mas você não sabe como funcionam as coisas de greve." Não sei porque as coisas não funcionam direito. "Você não sabe as causas." Não sei porque não há casuas. É fato. Mas isso não é causa do argumento de não a greve, embora possa colaborar com ele. Se bem que, percebo agora, já dei pano demais à manga. Não fazer greve inclui não tomar parte na discussão (sem fim) de greve, fazer greve ou não. Falar do não fazer greve e do como isso se resolve por si só já é o suficiente. Já usei todas as linhas necessárias. Uma conversa, troca de pontos de vista, pode acabar sempre convertendo alguém. Eu não faço greve e ponto.

melhoridade

Há alguns anos, quis concluir que quem realmente entendia as coisas da vida eram as crianças bem novinhas. Na idade em que conseguem expressar apenas poucas coisas como água, sim, não, ruim, bom, mamãe, papai e os sonoros e espantados "ahs" deiticos. O mundo é bem simples e não há preocupações - ou seja, elas sabem o que é realmente importante.

Observei então o entendimento entre as crinças e os mais velhos. Na sua imensa sabedoria, as crianças, com muito mais que lógica simples, percebem que, infeliz e invariavelmente, vão se tornar adultos com preocupações exageradas e erradas, no entanto, há felizmente a volta, quando, livres, podem retornar às coisas certas.

Se o homem nasce para viver, quanto melhor quem mais viveu e, quanto melhor ainda quem vive mais. É uma pena que o tempo para uma vida de criança, por assim dizer, só seja dado aos (muito) mais velhos. Quando eu ficar velho não vou querer saber de assentos especiais. De não pagar ônibus sim. Mas se tiver que viajar em pé, que seja. Não porque vou ser um velinho forte. Eu não sei. Mas porque sim. E isso não tem motivo.

Como ser feliz (sendo um perdedor)

Como o a vida é boa, se tudo que você tem a fazer é esperar pelo metrô?

O objetivo das pessoas aqui no mundo no mínimo é ser feliz. Ora, então, seja feliz! Mesmo que haja coisas com as quais discorde/não concorde, que acha erradas, ruins, desconfortáveis, roa, releve, esqueça, simplesmente seja feliz, ora...

Quem age dessa forma é tachado de idiota sempre, de fraco, e quem faz o contrário é o forte, o lutador. No entanto, quem é feliz apesar das adversidades - não no sentido usual, mas no sentido que explico, ser feliz abrindo mão das adversidades, esquecendo-as, relevando-as, abrindo mão do princípio ético de lutar pelo que acha certo ou bom -, é mais forte que qualquer outro, mesmo que o "apesar das adversidades" inclua ignorá-las, relevá-las. Aliás, exatamente por isso. É mais forte quem é feliz, é mais forte quem consegue se deixar levar pela vida, quem consegue se deixar vencer pelo mundo.

Quem luta contra o mundo, vencendo ou não - não importando o resultado usual de derrota total e absoluta - só o faz por não ter forças para abandonar a luta, seja ela vã ou não. Qual são seus princípios éticos? Fazer as coias certas, ser feliz, ou ser feliz fazendo as coisas certas? O que exige mais força é ser feliz, porque os outros são comprados com um esforço pequeno, apesar de parecer maior. Seguir seus princípios éticos é a coisa mais fácil do mundo, porque, afinal, eles são os trilhos que conduzem o pensamento humano - juntamente, e em simbiose, com a lógica. Abrir mão de seus próprios trilhos, do seu próprio andar pelo caminho previamente traçado por sua ética é o passo mais difícil, o maior esforço. Ao não caminhar ao longo do traçado da ética - simplesmente parar - o principal desafido estará vencido. O único esforço de um trem é ser empurrado. Se ele galga através, não faz nada senão seguir os trilhos. Um trem que abrisse mão dos trilhos, mesmo que parado, seria um trem feliz porque estaria resolvido. "Resolvi ser feliz e pronto. Sou feliz." "Hakuna matata", "Tôligano". Um trem parado é, no entanto, um perdedor. Um sujeito feliz - porque não resolve seus problemas não porque não consegue, mas porque não quer - é considerado um perdedor porque pouca atenção se dá ao fato de simplesmetne abandonar-se os problemas. É uma atitude que parece egoísta, mas só é egoísta para os fracos que continuam a lutar contra os problemas. Quem é feliz é feliz, isso é indiferente para eles.

Talvez não concorde totalmetne com as minhas idéias de que as coisas boas da vida são bastante simples. Ou com o velho jargão de que a felicidade está nas coisas pequenas. Mas acompanha parte do ritmo desses pensamentos. A ética da não ética é a ética da felicidade.
Você tem essa força? Eu não...

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