12 de abr. de 2010

Traduzindo Byron

Tenho lido trechos espalhados de Byron vertidos para o português no meu Bulfinch (O livro de outro da mitologia).

Aí peguei Into the wild pra ver e, bom, a primeira coisa do filme é uma citação de Byron. Mas tava no original, aí perdi um tempinho traduzindo e vertendo:

Prazer nos bosques que vias não têm
Há, qual um êxtase na costa vazia
Há companhia onde não vem ninguém e
Há Canção rugindo funda a maresia.
Não é que ame eu pouco o homem,
Mas a Natureza amo em demasia.

Não sei se vai contra os cânones da tradução de poesia mudar o número de versos, mas tá de madrugada e eu não tô a fim de procurar 1. como fazer "natureza", "homem" e "amo" se encaixarem, com os devidos conectores, num decassílabo e 2. se é muito feio mudar o número de versos numa tradução poética.

O original de Lord Byron:

There is a pleasure in the pathless woods;
There is a rapture on the lonely shore;
There is society, where none intrudes,
By the deep sea, and music in its roar;
I love not man the less, but Nature more...

A tradução é:
Há um prazer nos bosques sem caminhos; há um êxtase na costa solitária; há companhia onde ninguém invade, perto do mar profundo, e há música no seu rugido. Não amo menos o homem, mas mais a Natureza...

Eu traduziria usando esse último verso com a construção que pus na versão (não é que ame menos o homem, mas amo mais a natureza), assim, repetindo o verbo (em vozes diferentes), mas como já tinha colocado lá, optei por uma nova. É importante ressaltar, portanto, que seja frisada a oposição entre menos e mais. Ou "não amo pouco o homem, mas muito a natureza". Ou que fique bem claro que Lord Byron não ama o homem menos que merece, e que o que ele realmente quer dizer com tudo isso é que mais do que o merecido é a forma como ele ama a natureza.

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