17 de fev. de 2009

De "O que Michael Phelps deveria ter dito"

Como apreciador da ironia, do sarcasmo e da argumentação ácida, trago, apesar de não concordar com o que diz, o texto de um tal Reason.com de O que o Phelps deveria ter dito (de 2/2) quando o pegaram fumando unzinho.

Querida América

Eu respondo. Não me desculpo.

Sabem por quê? Não é da merda da sua conta. Eu malho minha bunda 10 meses por ano. É esse trabalho duro que lhes deu todos aqueles sentimentos de patriotismo no verão passado. Se durante meu breve tempo de descanso eu quero relaxar, curtir, e usar uma substância que é muito menos ruim para mim que álcool, tabaco, ou, francamente, a maioria dos medicamentos prescritos que a maioria de vocês está tomando, vocês podem guardar o sermão pra vocês.

Eu passo por um inferno. Faço meu corpo realizar ocisas que a natureza nunca quis que aguentássemos. Todos atletas de ponta o fazem. Fazemos porque vocês amam assistir nós nos colocarmos nos extremos tanto quando pudermos. Alguns de nós se machucam. Algumas vezes permanentemente. Vocês estão assistindo o Super Bowl hoje. Estão vendo caras de 130 quilos trombarem uns com os outros enquanto correm no máximo, todo empacotados. Sabem qual é a expectativa de vida média de um jogador da Liga Nacional de Football? 55. 20 anos a menos que a média de um jogador de fora da Liga. Ainda assim vocês assietem. E torcem. E pulam e cospem a cerveja quando um linebacker derruba um receptor cruzando seu caminho no meio do campo. Quanto mais forte a pancada, mais alto e entusiasticamente vocês gritam.

Ainda assim vocês surtam quando Ricky Williams, ou eu, ou Josh Howard fumam entorpecente pra relaxar. Por quê? Porque os idiotas que elegeram para fazer suas leis, sem uma neca de provas, enfiaram nas suas cabeças que fumar machonha é algo como beber anti-congelante e que é feito só por hippies sujos e molestadores sexuais.

Perdoem meu cinismo. Isso é abobrinha. Vocês não estão nem aí para a minha saúde. Só têm uma emoção voyerística assistindo atletas de elite cair das graças -- um tanto melhor se puderem exercitar um pouco de retidão moral no processo. E é uma retidão hopócrita nesse ponto, já que 40% de vocês já experimentaram maconha pelo menos uma vez na vida.

Uma ideia louca: se eu posso fumar entorpecente e ganhar 14 medalhas olímpicas, talvez maconheiros não estejam fadados a arruinar suas vidas em sofás e videogames, como o governo mané nos faz acreditar. Na verdade, a lista de maconheiros de sucesso inclui atletas de ponta como eu, Howard, Williams, e outros, inclui ganhadores do Prêmio Nobel, Prêmio Pulitzer, os três últimos presidentes dos Estados Unidos, juízes do Supremo Tribunal, mentes iluminadas e histórias de sucesso em todos setores dos negócios e das artes, ciência e humanidades.

Vão em frente, então. Banam-me das próximas Olimpíadas. Chutem minha argumentação. Empinem seus narizes coletivos e fiquem indignados comigo. Enquanto fazem isso, continuem prendendo pacientes de cancêr e aids que ousam fumar o negócio porque diminui a dor, ou os permite comer. Continuem mandando esquadrões chutarem portas e atirarem em velhinhas, mutilando criancinhas inocentes, apontando armas para algemar velhos pacientes de polio em suas camas, e sacrifiquem o animalzinho da família.

Vou falar. Vou entrar em acordo. Peço desculpas por fumar maconha quando cada político que já usou drogas e que votou por reforçar as leis anti-drogas levar seu traseiro até a prisão federal mais próxima para cumprir a sentença que impõe no resto das pessoas pelos crimes que eles mesmos cometeram. Peço desculpas quando os filhos, filhas e sobrinhos dos políticos poderosos pegos por posse ou tráfico em casa ou na escolinha tenham a mesmo tratamento dos pé-rapados pegos na esquina fazendo a mesma coisa.

Até lá, eu sozinho não faço isso. Fumei maconha. Gostei. Provável que faça de novo. Recuso-me a desculpar-me por isso, porque me desculpando ajudo a perpetuar uma mentira estúpida, essa ideia que o que alguém põe no próprio corpo no seu próprio tempo é da merda da conta do governo. Ou de qualquer um de vocês. Eu não vou me curvar e me permitir ser propaganda dessa guerra ridícula e imoral.

Vá em frente e acabem comigo se quiserem. Mas vamos ver vocês racionalizarem isso no seu próximo comercialzinho do Escritório Nacional de Políticas de Controle de Drogas como o maior filha-da-puta de nadador que o mundo jamais viu... é também um maconheiro orgulhoso.

Michael Phelps

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