14 de dez. de 2011

De bois, boiadas e confrontos

Mais forte que o trabalho de evitar confrontos é o trabalho de não perdê-los.


Foto minha do Campo Pequeno, arena de touradas em Lisboa.
Se você procurar por imagens com as palavras chave "bull"
(boi, mas também touro)  e "fight" (luta, briga),
só encontra touradas...

Uma mulher baixinha de longos cabelos ondulados fez-me um favor hoje. Me lembrou do ditado "Dou um boi para não entrar numa briga, mas uma boiada para não sair" ao proferi-lo, com algumas variações, para sua colega.

Ouvir o dito me desencadeou uma busca por algumas respostas. Já ouvi alguém dizer o oposto disso? Do mesmo jeito que há pessoas proclamando que se arrependem do que fizeram ou do que não fizeram. E... o que seria o oposto do jargão do boi/boiada? Não consegui chegar a uma conclusão quanto a esse oposto, tampouco em alguém que não partilhasse da ideia em questão. Isso foi, para mim, um indício de que o ditado cumpre seu papel de chamar atenção para algo inegável mas não tão claro (talvez ficasse melhor como "Paga-se" ao invés de "Pago").

Então... por que as pessoas agem assim? As pessoas têm medo umas das outras, medo de agressões ou ferimentos físicos ou psicológicos, etc., por isso agem cordialmente, socialmente, evitando brigas e confrontos a um preço alto. Isso é bom para todo mundo. Mas as pessoas têm medo de confrontos porque não querem perder confrontos. Então, mais forte que o trabalho de evitar confrontos é o trabalho de não perder confrontos, para que seja mantida a auto-imagem projetada no que é alheio.

Aí chego onde quero: o ditado é uma forma de contar vantagem, de inflar o peito, eriçar as plumas, mostrar as garras. Um aviso: não entre em confronto comigo porque eu me cago de medo de perder o confronto, o que quer que seja.

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